sexta-feira, 25 de julho de 2014

O Romantismo

“O Romantismo teve início na Alemanha e na Inglaterra no final do século XVIII, passando pela França, e aos poucos se espalhou por toda Europa de onde se difundiu para a América.
O Romantismo permanece no cenário literário até por volta da primeira metade do século XIX,quando apareceram as primeiras manifestações realistas.”
Na Alemanha, destaca-se a obra romântica Werther, de Göethe e, na Inglaterra, sobressaem-se os poetas Samuel Taylor, Coleridge, Shelley, Lord Byron e Wordsworth.

Johann Wolgang Goethe   - Werther .    

"Juntei cuidadosamente tudo quanto me foi possível recolher a respeito do pobre Werther, e aqui 
vos ofereço, certo de que mo agradecereis. Sei, também, que não podereis recusar vossa admiração 
e amizade ao seu espirito e caráter, vossas lágrimas ao seu destino. 
E a ti, homem bom, que sentes as mesmas angustias do desventurado Werther, possas tu encontrar 
alguma consolação em seus sofrimentos! Que este pequeno livro te seja um amigo, se a sorte ou a 
tua própria culpa não permitem que encontres outro mais à mão! "

…haveria menos sofrimento entre os homens, se eles (…) não concentrassem toda a força de sua imaginação na lembrança dos males passados, e sim em tornar o presente mais suportável…” (pág 9)
“…a solidão é um bálsamo valioso para o meu coração…” (pág 10)
“…ser incompreendido é o destino de muitos de nós…” (pág 14)
“…a vida humana é apenas um sonho…” (pág 15)
“…quando vejo os limites que aprisionam a capacidade humana de ação e pesquisa; quando vejo que toda a atividade se esgota na satisfação de necessidades, cujo único propósito é prolongar a nossa pobre existência e, ainda, que toda a tranqüilidade em relação a certas questões não passa de uma resignação sonhadora, pois as paredes que nos aprisionam estão cobertas de formas coloridas e perspectivas luminosas… isso tudo, (…), me deixa mudo. Volto-me para dentro de mim mesmo e encontro um mundo! Mais pressentimentos e desejos do que de raciocínios e forças vitais. E, então, tudo flutua ante meus olhos, sorrio e, sonhando, penetro ainda mais neste mundo…” (pág 15 e 16)
“…Átonita, perplexa, viu-se à beira de um abismo; tudo era trevas ao seu redor, nenhuma esperança, nenhum consolo, nenhuma idéias de futuro! Pois ele a abandonou, ele que dava sentido a sua existência. Não via mais o vasto mundo a sua frente, nem aqueles que poderiam substituir quem ela perdeu, sentindo-se sozinha, abandonada por todos… Cega, oprimida pelo terrível vazio em seu coração, precipita-se para a morte, que tudo abarca, sufocando assim todos os seus tormentos…” (pág 58)


Samuel Taylor

Samuel Taylor Coleridge (Ottery St. Mary21 de Outubro de 1772 — 25 de Julho de 1834), comumente designado por S. T. Coleridge, foi um poetacrítico e ensaista inglês, considerado, ao lado de seu colegaWilliam Wordsworth, um dos fundadores do romantismo na Inglaterra.
Depois de publicar alguns poemas em 1796, escreveu, em parceria com o poeta William Wordsworth, Baladas líricas (1798), que se tornou um marco da poesia inglesa e em que se destaca a sua famosa Balada do antigo marinheiro, um dos primeiros grandes poemas da escola romântica. Mais tarde, escreveu o poema simbólico Kubla Khan e o poema místico-narrativo Cristabel.
Kubla Khan
Em Xanadu, fez Kubla Khan
Construir um domo de prazer:
Onde Alph, rio sacro, em seu afã,
Por grutas amplas e anciãs,
         Ia a um mar sem sol correr.
E as milhas dez de fértil terra
Cingiam-se em fortins de guerra:
E nos jardins corriam os canais
Por incenseiros sempre a florescer;
E bosques como os montes, ancestrais,
Que o verde ensolarado ia envolver.
         E, ah! a fraga romântica inclinada
         Outeiro abaixo, de um cedral frondoso!
         Visão selvagem! Sacra e encantada,
         Como a minguante, de uivos assombrada,
         Da jovem por seu infernal esposo!
         E um caos da fraga irrompe, fervilhando,
         Como se fosse a própria terra arfando,
         Estouram fortes fontes, que, em momentos,
         Num jato atiram colossais fragmentos:
         Em arco qual granizo ao chão caído,
         Ou grão com joio no mangual moído:
         E em meio às rochas nessa grande dança
         Perene, logo o sacro rio se lança.
         Por cinco milhas na dedálea ida,
         Por bosque e vale, o rio, em seu afã,
         Cruzando grutas amplas e anciãs,
         Afunda em ruído na maré sem vida.
         E nesse ruído Kubla veio ouvir
         A guerra, em voz profética, por vir!
         A sombra do domo de prazer
         Vai pairando sobre as vagas;
         Onde ouvia-se o som crescer
         Pelas fontes, pelas fragas.
Era um milagre do mais raro zelo,
Um domo ao sol com grutilhões de gelo!
         E o que em visão foi-me mostrado:
         Saltério à mão, com voz sonora,
         Era abissínia a donzela
         E, com seu saltério, ela
         Cantava sobre o Monte Abora.
         Se o seu canto e sinfonia
         Pudesse em mim eu reavivar,
         Tal júbilo me venceria
Que co’a canção iria, no ar,
Erguer o domo ensolarado,
O domo! O grutilhão glacial!
E a todos seria mostrado:
Diriam, Cuidado! Cuidado!
O olho em luz, cabelo alado!
O olhar cerre em temor freiral,
E três voltas teça ao redor,
Pois que ele sabe o sabor
Do mel, do leite Celestial.
(tradução de Adriano Scandolara)

Lord Byron
Um dos maiores nomes do romantismo, o poeta inglês Lord Byron (nascido em Londres, em 22 de janeiro de 1788) marcou a história da literatura com sua poesia pessimista. Verdadeiro rebelde das letras, ele desafiou as convenções morais e religiosas de sua época.
Byron tinha a reputação de ser alguém original, controverso e nada convencional. Mesmo assim, sempre se manifestava a favor da margem da sociedade, considerando a nobreza como uma classe de hipócritas. Talvez considerasse assim todos os homens, pois nunca escondeu sua paixão por animais, chegando a declarar: “quanto mais conheço os homens, mais quero a meu cachorro”.  “Boaswain” foi o nome de seu cachorro preferido, o qual gostava tanto que, após a morte do animal, dedicou-lhe os seguintes versos:
Aqui repousam
os restos de uma criatura
que foi bela sem vaidade
forte sem insolência
valente sem ferocidade
e teve todas as virtudes do homem
e nenhum dos seus defeitos.
Foi o ídolo de toda uma geração poética; Álvares De Azevedo? Seu “discípulo“.
Revoltado com os outros e com a sociedade. Assim podemos pontuar sobre Byron. Óbvio, sem jamais esquecer seu pessimismo romântico, o cinismo e os “elogios” [só que ao contrário] à moralidade e aos costumes religiosos. O mais interessante é que, na tentativa de transformar sua vida em seus escritos – ou seria o contrário? – ele se encheu de dívidas [por causa do seu modo de vida, sempre dando orgias e festas extravagantes].
Byron escandalizou a sociedade tanto com seus poemas quanto pela sua vida mundana. Mas, quem reduz o Lord e classifica-o apenas de tal maneira, está deixando muito conhecimento de fora. É tratado como um gênio da poesia e um dos maiores [se não o maior] romântico inglês. Criticava a sociedade de maneira exaltada, impetuosa e até violenta. Mas não há como negar, ficou conhecido, ao menos por aqui, pelo seu carácter poético ligado à tristeza da alma humana, à melancolia. Tudo é tedioso… até o amor."
"Não falo, não suspiro, não escrevo seu nome. Mas a lágrima que agora queima a minha face me força a fazê-lo"
Byron
"Estes fragmentos do poema A tempestade, de Lord Byron, foram traduzidos por Fernando Guimarães, em uma bela edição da Editorial Inova, do Porto, com o título Poesia romântica inglesa (Byron, Shelley, Keats). Meu exemplar foi comprado na livraria Poesia Incompleta (blog e perfil do Facebook), na Lapa, no Rio de Janeiro. Qualquer leitor interessado em poesia não pode se manter distante por muito tempo dessa casa de livros. Há outra edição do mesmo título, publicada pela Relógio d’Água. E claro, trata-se de um dos mais belos poemas já escrito desde que o homem inventou o verso:"
Estão calmos o céu e a terra – mas não adormecidos;sem ânimo, como nós sob o efeito das grandes paixões,
e tão silenciosos como se despertássemos de profundos
                                       pensamentos.
Estão calmos o céu e a terra; desde as altas hostes
das estrelas ao lago tranquilo e às margens montanhosas,
tudo se concentra numa vida intensa
onde nem uma folha, uma brisa, um reflexo se perdem,
pois todos são uma parte do ser, do sentimento
daquele que de tudo é Criador e defensor.
Agita-se assim a emoção do infinito, sentida
neste abandono em que o homem está menos sozinho;
a verdade que em todo o nosso ser se funde
e nos purifica de nós mesmos é um acorde,
alma e fonte da música que nos ensina
a eterna harmonia, derramando um encantamento
lendário, como a cintura de Vénus,
que reúne tudo pela beleza, e desafiaria
a Morte, se tivesse o verdadeiro poder de destruir.
Não foi sem razão que os antigos Persas edificaram
as aras nos mais elevados lugares, no cume
das montanhas que contemplar a terra, e assim
                                      escolhem
um templo verdadeiro e sem muralhas, onde encontram
o Espírito – e nunca em santuários que as nossas mãos
constroem em seu louvor. Vinde então comparar
colunas e altares de ídolos, góticos ou gregos,
com os lugares sagrados da Natureza, a terra e o ar,
e não vos confineis a templos que limitam as vossas
                                     preces.
O céu mudou-se – e que transformação! Oh noite,
tempestade, trevas, sois surpreendentemente fortes,
embora sedutoras no vosso poderio, como o brilho
dos olhos sombrios duma mulher! Ao longe,
de monte em monte, entre os ecos dos rochedos
o trovão vibra. Não é duma única nuvem que vem,
mas cada montanha encontrou agora a sua linguagem,
e o Jura responde, com o seu manto de neblina,
aos jubilosos Alpes, cujo apelo ressoa vivamente.
Tudo chegou contigo – noite tão gloriosa,
a que não se destinam os nossos sonhos; deixa-me
                                     partilhar
do teu violento, longínquo encantamento
uma parte da tempestade e de ti mesma, noite!
Ah, como resplandece o lago, um fosfórico mar,
e a chuva é impelida e abate-se sobre a terra!
Mais uma vez tudo é escuridão – e, agora, a alegria
das colinas sonoras freme com todo o excesso
que delas nasce como se fosse um novo cataclismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário